segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Público rejeita trama nebulosa de “Além do Horizonte”

Sheron Menezes em "Além do Horizonte" (Foto: Divulgação/TV Globo)
Sheron Menezes em “Além do Horizonte” (Foto: Divulgação/TV Globo)

Quarta-feira quente e negra para TV aberta. Em 04/12, o Ibope na Grande São Paulo registrou índices negativos, desde a tarde até a noite. E o que saltou aos olhos foi a audiência do folhetim das sete da Globo, “Além do Horizonte”: 14,6 pontos de média, um dos menores da história das novelas das sete horas da emissora. Um número digno da concorrência, ou da audiência da tarde. Até o capítulo 27, “Além do Horizonte” tem uma média de 19,5 pontos, muito abaixo do esperado, o menor já registrado para o horário.

Tirando o Horário de Verão, a própria novela tem a sua parcela de culpa. Apesar da ótima produção e direção (geral de Gustavo Fernandez), “Além do Horizonte” tem um dos elencos mais irregulares já vistos numa produção global, sem nenhum “medalhão” da Teledramaturgia. É um elenco digno de “Malhação” – não desmerecendo a novela-teen nem os poucos nomes de peso da novela. E isso influencia: um elenco estelar vende melhor um produto. Mas não só isso.

Falta a “Além do Horizonte” o principal: uma história que cative o telespectador. Não dá para gerar identificação entre o público e a novela através de uma trama tão subjetiva como essa da “busca da felicidade”. Mistérios são ótimos, um ali e outro aqui. Mas não em uma história absolutamente nebulosa. Funciona em uma série, como “Lost”, mas tem se revelado um desastre para uma ficção diária, em um formato tão engessado como a telenovela. “Além do Horizonte” completou um mês no ar e pouco foi revelado. Já era para o público estar torcendo por algo. Devaneios sobre a felicidade são bonitos, mas não são claros e objetivos.

Mistérios surreais – como a identidade do Cadeirudo ou da Mulher de Branco – nos permitem embarcar na história. A Besta de “Além do Horizonte” vive no medo da população alimentada pela ignorância, comandada por um vilão que sabe que a incitação ao desconhecido é a melhor maneira de exercer poder sobre o povo. A Besta é a ignorância que cada um traz dentro de si, sem nem ao menos se dar conta. Ótima metáfora. Mas mal construída dentro da trama da novela. Assim como a tal “busca pela felicidade”, a Besta de “Além do Horizonte” é subjetiva demais, não é palpável, não se vende. E o público não compra.

Apresentar uma trama como essa – ainda mais em pleno Horário de Verão – é um risco e tanto. Uma ousadia da Globo. Os autores (Marcos Bernstein e Carlos Gregório) merecem crédito por isso. Mas não dá mais para tapar o sol com a peneira. Ainda mais com o calor que anda fazendo.

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